livro
Fui diagnosticada com câncer de mama em 2015. Foi o maior susto que tomei na vida e também o
maior medo que já senti. Nada indicava
que isso poderia ocorrer; portanto, eu vivia
sem preocupações nesse
sentido. Muita
coisa mudou
desde então. Não só porque agora precisarei monitorar minha saúde por tempo indeterminado, mesmo estando
curada – segundo
apontam os exames
e afirmam os médicos
–, mas porque
a transformação que essa experiência complexa
desencadeou em mim foi muito profunda e não cessa. (...)
Com essa
perspectiva e a partir da necessidade de organizar meus pensamentos para prosseguir de forma mais esclarecida (minha
motivação para escrever
e, assim, elaborar melhor o que eu vivia),
em determinado momento
percebi que eu estava essencialmente abordando a questão do manejo do sofrimento, e o sofrimento manifestado de forma
diversificada – não só aquele de quem recebe
o diagnóstico que eu recebi, pois este não é um livro apenas sobre câncer e dedicado a pacientes, nem sobre mim. Vai além, e me faço presente pois parti da minha vivência para propor
tais reflexões, usei-me como exemplo
em alguns momentos. (...)
Muitas
vezes, a paz que a compreensão traz vem de olharmos para as mesmas questões com outros olhos, e esse outro jeito de enxergar nem sempre
vem da certeza de que
acessamos e entendemos tudo, de que é precisa
a explicação. Pelo contrário, vem de admitirmos que vida é mistério,
e mesmo que tentemos
desvendá-la, só acessamos
parte desse todo, e muito do que achamos ter descoberto não passa, na realidade, de uma verdade parcial e enviesada
que nós mesmos inventamos e convencionamos ser a verdade suprema.
A paz deve vir da aceitação de que isso não nos preenche completamente, o que
cria em nós uma expectativa de que não há nada que seja tão absoluto que não possa
ser ressignificado, nem a dor, nem o sofrimento, nem o adoecer.
E nem o curar-se, pois a superação
de um quadro de doença
pode passar a representar o próprio renascer em vida, o despertar para
uma nova etapa de quem é você,
reinventado e amadurecido e com forças
para ir além de onde conseguiu
ir até aquele momento.
Por isso, ao escrever o livro,
mais que informar sobre o câncer,
me predisponho a provocar
o leitor a pensar
sobre novas
formas de olhar para
o que é dor
ou doença, que, em uma
perspectiva mais
abrangente, passa
a representar tudo aquilo que nos desestabiliza em essência, o que é o sofrimento e como
podemos minimizá-lo para nos
relacionarmos melhor com
ele e, ainda, o que a cura pode representar, para além da superação de uma enfermidade, quando considerada uma oportunidade valiosa de nos reformularmos.
Precisei escrever este
livro para me curar, subjetivamente. Além
de todas as etapas do tratamento cumpridas – cirurgia, quimioterapia, radioterapia,
hormonioterapia, terapia cognitiva –, também foi fundamental, no meu processo de cura, escrever, que era
para pensar melhor
e porque eu realmente queria
colocar essas reflexões no mundo, à disposição. Se posso, de alguma maneira, ser
grata ao que experienciei e ao fato de ter sobrevivido
para contar, já em outro
estágio de amadurecimento, ofereço humildemente este relato
e o resultado do pensamento que foi construído
até aqui, e que segue sendo elaborado por meio dos textos que publico.
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Não se acostume com a vida: reflexões que o câncer e
outras situações complexas podem despertar em nós.
Autora: Marina Arruda
Editora: Labrador
Páginas: 110
Preço: R$35,00
* O lucro da venda
dos exemplares é destinado ao Hospital de Amor, onde fiz meu tratamento
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