Alma livre.
Me interessa mais a criança que eu sou do que a criança que eu fui. O agora sempre me interessa mais. Aquela que tem brilho nos olhos, deslumbrados, que vê a vida como a mais incrível novidade. Que encara cada dia como uma nova oportunidade, talvez a última. E se emociona por isso, de novo e sempre. Uma curiosidade genuína que mobiliza. Intensa, ela.
Que dança as dores e as alegrias, por que afinal a vida é feita disso. Ela se expressa assim, e que nenhum percalço a faça perder o passo. Mas se acontecer, ela vai fantasiar outras possibilidades pra si, ela é boa nisso. Sua alma é livre.
Eu fiz as pazes comigo, ficamos de bem.
Vale a pena. Viver é realmente uma experiência linda, mágica e rara. Se você perdeu ao longo do caminho esse encantamento, estou lhe relembrando isso, porque não é que você não o sinta, você só se esqueceu de como era quando achava belo viver. Quando fazia sentido e lhe fazia sentir.
Pode ter acontecido há muito tempo, na mais tenra infância, quem sabe, mas você já foi um ser deslumbrado com a vida, nem que fosse quando bebê, quando via cores e formas e aquilo era pura estimulação sem categorização e juízo de valor, antes de qualquer sistema educacional e ideológico ter agido em você e causado essa dispersão. Pois, infelizmente, as instituições e normas que se instauram têm o intuito, na maioria das vezes, de nos anestesiar dessa sensação de contemplação que nos é inata, pois não seríamos tão “produtivos” se ficássemos todos só nos dedicando a esse gozo de viver.
Resgatar isso e tornar esse o nosso filtro, pelo qual vemos o resto do mundo e segundo o qual nossa interação com tal mundo é forjada, pode ser tarefa árdua, empreitada para uma vida toda, inclusive. Mas não há propósito que me pareça mais digno, e nada devia nos interessar mais que construir um sentido para nós, para que viver não fosse uma mera soma dos dias vividos, e sim uma experiência mais gratificante. (pg. 19-20)
Trecho de "Não se acostume com a vida - reflexões que o câncer e outras situações complexas podem despertar em nós", meu livro, pra vocês.
Que dança as dores e as alegrias, por que afinal a vida é feita disso. Ela se expressa assim, e que nenhum percalço a faça perder o passo. Mas se acontecer, ela vai fantasiar outras possibilidades pra si, ela é boa nisso. Sua alma é livre.
Eu fiz as pazes comigo, ficamos de bem.
Vale a pena. Viver é realmente uma experiência linda, mágica e rara. Se você perdeu ao longo do caminho esse encantamento, estou lhe relembrando isso, porque não é que você não o sinta, você só se esqueceu de como era quando achava belo viver. Quando fazia sentido e lhe fazia sentir.
Pode ter acontecido há muito tempo, na mais tenra infância, quem sabe, mas você já foi um ser deslumbrado com a vida, nem que fosse quando bebê, quando via cores e formas e aquilo era pura estimulação sem categorização e juízo de valor, antes de qualquer sistema educacional e ideológico ter agido em você e causado essa dispersão. Pois, infelizmente, as instituições e normas que se instauram têm o intuito, na maioria das vezes, de nos anestesiar dessa sensação de contemplação que nos é inata, pois não seríamos tão “produtivos” se ficássemos todos só nos dedicando a esse gozo de viver.
Resgatar isso e tornar esse o nosso filtro, pelo qual vemos o resto do mundo e segundo o qual nossa interação com tal mundo é forjada, pode ser tarefa árdua, empreitada para uma vida toda, inclusive. Mas não há propósito que me pareça mais digno, e nada devia nos interessar mais que construir um sentido para nós, para que viver não fosse uma mera soma dos dias vividos, e sim uma experiência mais gratificante. (pg. 19-20)
Trecho de "Não se acostume com a vida - reflexões que o câncer e outras situações complexas podem despertar em nós", meu livro, pra vocês.
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