Centramento.
Ontem foi um dia desses meio cinzas e chuvosos que começam como outro qualquer mas que vão te propondo alguns desafios e desestabilizações conforme passam. Sabe quando parecia que tava tudo ok mas quando você percebe você já tá mexida e já foi levada pra outro estado de espírito diferente, e nem sabe bem como?! Foi assim.
Diz que é por que reiniciou o ano novo astrológico. Também começou uma lua cheia. Também começou o outono. Também por que eu dancei a noite, e dançar sempre me tira literalmente do eixo.
A tarde, quando eu percebi estava rezando pro dia acabar logo, afinal estava ansiosa e um pouco triste. Mas ainda bem que logo eu me dei conta de que havia chegado o dia de fazer algo que amo tanto, que é dançar. Na verdade danço todos os dias, por que faço aulas e por que danço em casa, por aí, comigo mesma, eu respiro dançando, ando dançando, eu nasci dançando e assim vou morrer. Não me lembro quando foi que eu não dancei. Dançar, aqui, é vício e cura ao mesmo tempo. Vital. Mas dancei ontem com os meus amigos de longa data, uma gente de bem, num palco especial, e isso pra mim é ritualístico.
E não foi diferente, mais uma vez estive em cena e comprovei qual a potência disso, pois isso transmutou aquela dor em esperança. Chorei muito, agradeci muito, desejei que todos pudessem sentir, ao menos um dia, algo tão sublime tal como eu sentia alí. Não necessariamente dançando, mas se realizando ao fazer algo que lhe traga alegria. Sou grata por ter identificado tão precocemente o que me traz paz.
Sim, a lua encheu, e eu estou repleta. Os astros se movem e esses ciclos se alternam e se reiniciam, e eu recomeço. O outono vem, propõe que a gente se desapegue do que não serve mais para abrir espaço pro novo, e eu me liberto, de coisas e de crenças limitantes. Todo dia eu sou nova por que sou parte dessa complexidade, e ainda que pouco controle e consciência eu tenha, danço conforme a música divina. Cada vez mais resiliente, cada vez mais entregue.
Terão dias em que você vai quase perder de vista aquilo que te move. Que a gente consiga dar conta do que a vida impõe sem deixar de se ofertar aquilo que faz a gente encontrar algum sentido nela.