Há metafísica bastante em não pensar em nada...
"Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do mundo?
Que ideia tenho eu das cousas?
Sei lá o que penso do mundo! (...)
E sobre a criação do mundo?
Que opinião tenho sobre Deus e a alma
O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. (...)
Começa a não saber o que é o sol
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
E já não pode pensar em nada, De todos os filósofos e de todos os poetas.
E por isso não erra e é comum e boa.
A luz do sol não sabe o que faz
Que é a de não saber para que vivem
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora (...)
O único sentido íntimo das cousas
Mas que melhor metafísica que a delas,
Nem saber que o não sabem?
"Constituição íntima das cousas"... "Sentido íntimo do universo"...
tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada. (...)
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo (...)
E os montes e sol e o luar,
Mas se Deus é as flores e as árvores
Então acredito nele,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
Então acredito nele a toda a hora,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Para que lhe chamo eu Deus?
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
E luar e sol e flores,
E penso-o vendo e ouvindo,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe, (Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E ando com ele a toda a hora."
O que penso eu do mundo?
Que ideia tenho eu das cousas?
Sei lá o que penso do mundo! (...)
E sobre a criação do mundo?
Que opinião tenho sobre Deus e a alma
O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. (...)
Começa a não saber o que é o sol
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
E já não pode pensar em nada, De todos os filósofos e de todos os poetas.
E por isso não erra e é comum e boa.
A luz do sol não sabe o que faz
Que é a de não saber para que vivem
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora (...)
O único sentido íntimo das cousas
Mas que melhor metafísica que a delas,
Nem saber que o não sabem?
"Constituição íntima das cousas"... "Sentido íntimo do universo"...
tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada. (...)
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo (...)
E os montes e sol e o luar,
Mas se Deus é as flores e as árvores
Então acredito nele,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
Então acredito nele a toda a hora,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Para que lhe chamo eu Deus?
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
E luar e sol e flores,
E penso-o vendo e ouvindo,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe, (Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E ando com ele a toda a hora."
#fernandopessoa #albertocaeiro