Você está vivo!


Adoro quando os livros passeiam por aí, para ir parar nas mãos de outras pessoas. E também quando a gente passeia junto, e os encontros acontecem. E então as trocas, o amparo, o afeto. Muito mais interessante do que mandar pelos Correios! Faz muito sentido, afinal as coisas que a gente coloca no mundo com amor a gente o faz (ou deveria) para ser prioritariamente por um bem coletivo, pra ser pra todos, por todos. É isso que mais me mobiliza a compartilhar minha experiência e obter um pouco da experiência do outro, que passa a me constituir também.

Adorei encontrar com uma nova amiga que, estando em São Paulo, preferiu retirar o livro pessoalmente. Trouxe sua irmã, outra querida. Não só combinamos de eu entregá-lo como conseguimos sentar e conversar um pouco num lugar bacana, tomar um drink delícia, chorar juntas, rir também, abraçar, pegar na mão, dizer que pode contar, e mesmo com a distância e não nos conhecendo efetivamente sentirmos que existe algo que nos conecta que é forte, comovente, e nos transformou, cada uma à sua maneira. O que temos em comum e que emergiu de uma crise, um câncer, foi uma vontade de viver enorme a partir de uma experiência difícil, e não que o temor tenha passado, mas a gente faz dia após dia a renovação do voto de compromisso com a vida, e tenta viver de uma forma o mais entregue possível.
Se você sofre por algo que te aconteceu, e que por um período parecia que tiraria toda a sua vontade de viver, busque olhar para isso de uma forma diferente, como quem acredita que embora a vida seja cheia de surpresas nem sempre agradáveis, ela também promove encontros inesperados com pessoas que a gente passa a admirar, e que nos ajudam nesse processo de resignificar as coisas.
Se o que aconteceu foi um câncer, que para muitas pessoas é uma doença que impacta completamente na vontade de viver e faz com que muitos não se sintam mais dignos de sentir felicidade, vai aqui o meu recado: você merece, pode e deve ser feliz. Vai tomar o seu gin tônica, vai dançar, vai fazer amizade, vai curtir, ou seja lá o que for aquilo que te refaz e te faz perceber, sempre e de novo, que você está vivo. Você está vivo. Então aproveite!