Sou terra.
Dia de São João, mês das festas juninas (amo), que ocorrem praticamente em todas as regiões do Brasil e muito no interior de SP, de onde venho.
Sou caipira, aprendi que esse é um termo de origem tupi que designava quem morava na roça mas que hoje em geral se aplica àqueles que nascem no interior de alguns estados. Isso vem ganhando uma importância grande desde que me conhecer, saber de minhas origens, resgatar minha ancestralidade e tudo o que me constitui subjetivamente vem sendo uma das minhas prioridades. E, o que era só uma informação em meu histórico, hoje é motivo de orgulho e identificação.
Sou da terra, parte dos meus antepassados eram trabalhadores rurais, e atualmente sinto um orgulho tão imenso quando penso nisso que tenho vontade de chorar de gratidão. Uma lida dura mas fundamentalmente conectada com a natureza, seus ciclos e manifestações. Uma sabedoria que, infelizmente, se perde cada vez mais em nossa sociedade alienada e capitalista. Saberes, ofícios e crenças tão ricas que embasaram gerações se perdem para sempre. E, enfraquecidos, chegamos até aqui, um mundo doente. Não deu certo, é urgente fazer o caminho de volta.
Para além do aspecto religioso dessa tradição junina, ela marca o solstício de inverno aqui no hemisfério sul e o que tais festejos evocam, e pelo que sou fascinada, em essência tem relação com celebrar a terra, o que ela nos oferta, cultivando assim abundância e fartura. Por isso sempre foi tão importante, culturalmente, pois temos um vínculo muito forte com nossa origem, que em grande parte provém das pessoas que literalmente fincaram raízes nesse país, como nossos familiares.
Infelizmente esse ano não poderemos frequentar as festas que tanto adoramos, mas podemos cultivar tal simbologia e celebrar, mais do que nunca, a terra e sua capacidade enorme de se refazer e nos nutrir, tão generosamente.
As mãos são do meu vô Zé, e elas revelam tanto. Apontam caminhos, sem que ele saiba. Alimentam, o orgânico e o sutil.
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