Eu estou aqui.


Eu estou aqui.

Lygia pedia que seus clientes, como ela chamava, segurassem uma pedra durante as sessões de estruturação do self que propunha, por acreditar que aquilo de verdade tinha potencial de dissolver o contorno do eu. E tinha.

Tem.

Isso é a grande cura, mas também capaz de nos desestabilizar fatalmente, por isso tememos. Ego em ruínas, libertação absoluta, nos excita e aterroriza.

Tenho aprendido muito com a Lygia, com a pedra, com a arte, a terapêutica, tenho aprendido muito comigo também.

A gente é mundo, porosos, me sinto cada vez mais eu e cada vez menos eu, paradoxalmente, dor e delícia, choro todos os dias um choro existencial de lágrimas de água e sal que sou eu derretendo, que me constituem assim como os minerais.

Eu estou aqui.

Por enquanto.

E eu gosto disso.



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